quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Porteiro do Puteiro


Porteiro do Puteiro

Não havia no povoado pior emprego do que ‘porteiro da zona’.

Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem?

O fato é que nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não tinha nenhuma outra atividade ou ofício.

Um dia, entrou como gerente do puteiro um jovem cheio de ideias, criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento.

Fez mudanças e chamou os funcionários para as novas instruções.

Ao porteiro disse:

– A partir de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai preparar um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que entram e seus comentários e reclamações sobre os serviços.

– Eu adoraria fazer isso, senhor, balbuciou – Mas eu não sei ler nem escrever.

– Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir trabalhando aqui.

– Mas senhor, não pode me despedir, eu trabalhei nisto a minha vida  inteira, não sei fazer outra coisa.

– Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu sinto muito e que tenha sorte.

Dito isso, deu meia volta e foi embora. O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse. Que fazer?

Lembrou que no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.

Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação até conseguir um emprego.

Mas só contava com alguns pregos enferrujados e um alicate mal conservado.

Usaria o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa.

Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar dois dias em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra. E assim fez.

No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:

– Venho perguntar se você tem um martelo para me emprestar.

– Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar, já que…

– Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.

– Se é assim, está bem.

Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à porta e disse:

– Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?

– Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de ferragens  mais próxima está a dois dias de viagem, de mula.

– Façamos um trato – disse o vizinho.

Eu pagarei os dias de ida e volta, mais o preço do martelo, já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?

Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias. Aceitou.

Voltou a montar na sua mula e viajou.

No seu regresso, outro vizinho o  esperava na porta de sua casa.

– Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo.

Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a pagar-lhe seus dias de viagem,  mais um pequeno lucro para que você as compre para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras.

Que lhe parece?

O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu um alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora. E nosso amigo guardou as palavras que escutara: ‘não disponho de tempo para viajar para fazer compras’.

Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse para trazer as ferramentas.

Na viagem seguinte, arriscou um pouco mais de dinheiro, trazendo mais ferramentas do que as que já havia  vendido.

De fato, poderia economizar algum tempo em viagens.

A notícia começou a  se espalhar pelo povoado e muitos, querendo economizar a viagem, faziam  encomendas.

Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e trazia o que precisavam seus clientes.

Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e alguns meses depois,  comprou uma vitrine e um balcão e transformou o galpão na primeira  loja de ferragens do povoado. Todos estavam contentes e compravam dele.

Já não viajava, os fabricantes lhe enviavam os pedidos. Ele era um bom cliente. Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua loja de ferragens, a ter de gastar dias em viagens.

Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as cabeças dos martelos.

E logo, por que não, as chaves de fendas, os alicates, as talhadeiras, etc …

E após foram os pregos e os parafusos…

Em poucos anos, ele se transformou, com seu trabalho, em um rico e próspero fabricante de ferramentas.

Um dia decidiu doar uma escola ao povoado.

Nela, além de ler e escrever,  as crianças aprenderiam algum ofício.

No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe entregou as chaves da cidade, o abraçou e disse:

– É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a honra de colocar a sua assinatura na primeira página do livro de atas desta nova escola.

– A honra seria minha, disse o homem. Seria a coisa que mais me daria prazer, assinar o livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou  analfabeto.

– O Senhor? disse incrédulo o prefeito. O senhor construiu um  império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto:

– O que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?

– Isso eu posso responder, disse o homem com toda a calma: – Se eu soubesse ler e escrever… ainda seria o PORTEIRO DO PUTEIRO

Essa história  refere-se a um grande industrial,  que hoje tem 10 fábricas, 5.500 empregados, produz 24 milhões de unidades variadas por mês e exporta com marca própria para mais de 120 países – é a única empresa genuinamente brasileira nessa condição. A cidadezinha citada é Carlos Barbosa, e fica no interior do Rio Grande do Sul.

Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.

As adversidades podem  ser bênçãos.

As crises estão cheias de oportunidades.

Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o confronto, procure as janelas.

Lembre-se da sabedoria da água: ‘A água nunca discute com seus obstáculos, mas os contorna’.

Que a sua vida seja cheia de vitórias, não importa se são grandes ou pequenas, o importante é comemorar cada uma delas.


Não sei a veracidade desse texto, mas como lição, uma reflexão.
As pessoas tendem a se acomodarem em qualquer baixa. E acredito que são nessas crises onde floresce a criatividade para seguirmos em frente da melhor forma.


A imagem desse post foi retirada do Google

10 comentários:

  1. Oi Ana Karla
    Ainda que o texto não seja verdadeiro é uma ótima lição e aprendizado para todos nós.
    Já estive nesta cidade no Rio G. do Sul, Carlos Barbosa.
    Um beijo.

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  2. Gosto demais deste texto, sempre o leio. Acredito, também, que crises geram oportunidades. Mas o industrial a que supostamente se refere é o dono da Tramontina, que já negou esta história. É como vc disse, não importa por quem foi escrita ou se é verdadeira, importa é que é uma linda lição de oportunidadeXempenho.
    Beijo, Ana Karla.

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  3. Ouvi o vento e a música
    Procurando um porto na madrugada
    Ouvi a chegada de um navio
    Julguei sentir uma voz amada

    Meu Armando, meu amor...
    Uma criança jogando lama ao meio dia
    Embrenhada e perdida na alma
    Com rimas colorindo pálpebras de nostalgia

    Doce beijo

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  4. Oi, Ana Karla!

    Estou voltando, e que bom vir aqui.
    Muito interessante essa história, sendo verídica ou não. De fato, é nas crises que revelamos o nosso potencial criativo.

    Paz e bênçãos
    Socorro Melo

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  5. Olá filhota, uma história realmente para reflexão. A criatividade é uma dádiva de Deus e feliz de quem lança mão da criatividade para mudar de vida.
    Vô Pedro dizia que nem todos nascem com a estrela na testa. Com certeza o porteiro do puteiro nasceu com a dele na testa.
    Beijos
    Maria Luiza (Lulú).

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  6. Oi Ana faz tempo que li este texto e não sei a veracidade dele, mas sei da mensagem perfeita que ele carrega sobre a queda para cima. Sobre como o homem perdeu seu cavalo e continuou andando,rsrs.
    Muito boa partilha amiga.
    Que a semana esteja a fluir belamente para voces.
    Cainhoso abraço
    Bju de paz amiga.

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  7. Ola, querida Karla
    Conhecia a mensagem mas é sempre bom refletir sobre o tema novamente...
    Vc está bem?
    Tomara que sim!
    Bjm fraterno

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  8. Querida amiga Ana

    Toda palavra
    que inspira
    é uma palavra preciosa.

    _______________________________

    Desejo que desejes ser feliz.
    Toda felicidade do mundo
    começa com um simples desejo de alegria.

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  9. Oi Ana, um lindo fim de semana amiga.
    Desejo que esteja tudo lindo por aí.
    Bju

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  10. Olá Ana

    Passei para desejar Boas festas e um 2016 de mais integração entre nós da blogosfera. Bjs,

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